A medida de amar

Ainda lembro do impacto em minha alma da canção dos engenheiros do Hawaii que diz: "A medida de amar é amar sem medida". Mesmo se atribuindo diferentes autores para a célebre frase, o que é de fato especial é o desafio que ela nos coloca. Quando ouvi pela primeira vez estava solteira e me perguntava se de fato todo mundo é capaz de amar sem medir as consequências. Aos vinte e poucos anos não temos a verdadeira dimensão da avalanche de sentimentos que ainda poderemos vivenciar e por isso, enxergamos tudo de forma muito aquém do que de fato é real e tem alguma importância em nossas vidas. Bom, não quero com isso dizer que as pessoas com menos de trinta anos não conseguem reconhecer os seus sentimentos e emoções, mas reforçar que quanto mais arrancamos folhinhas no calendário, mais compreensão temos do que de fato deve interessar em nossas relações afetivas e afetuosas.

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Minha compreensão ocorreu no dia do meu aniversário de 30 anos. Parece que um véu caiu diante dos meus olhos e muitas situações foram iluminadas. Naquele dia, apenas uma pessoa notou toda a minha angústia diante daquela dantesca descoberta e no meu ouvido ela disse: "Déia, eu sei como você se sente". Não sei se a sua sensibilidade foi o que a fez me ver em meu momento de maior lucidez, mas, sinto que todos chegamos nesse mesmo nível um dia. No geral, a sensação é de frustração, pois diante da juventude, dos seus arroubos e ímpetos, passamos por cima de nós e dos outros e quando olhamos para trás, imaginamos como poderia ter sido se tivéssemos a cabeça que temos agora. Como lamentar não adianta muito, o jeito é guardar na memória e levar a vida adiante.
É assim nas relações familiares, nas nossas amizades e com os nossos amores. Sempre fica uma dúvida de como teria sido se uma história tivesse tomado um rumo diferente. Como não existe uma máquina que nos faça voltar no tempo e refazer nossos erros, basta confiar na experiência aprendida e buscar viver um dia de cada vez. Não podemos ser seres perfeitos, mas podemos cuidar para que as pessoas que nos cercam sintam-se bem, amadas, protegidas e queridas. Sinto muito que algumas pessoas levem uma existência de amargura e infelicidade. Amar a si mesmo é o único amor que dura para sempre, já dizia Oscar Wilde. Quem não consegue amar a si próprio, não pode ter nada mais para partilhar com outros, não acham?

Um beijo e até loguinho!
Andreia Regina
Twitter: @AndreiaReginaBr